Wednesday, June 27, 2012

apagando os rastros para ficar cada vez mais bom pra cachorro

"de rua" ou dadá que chegou para ficar
não sei ainda se sou uma espécie de antropomorfita - quero  crer que não, muito antes pelo contrário - mas do ponto de vista quantitativo, certamente devo ser mesmo um cara estranho. pois cada vez gosto mais - e me emociono mais - com os animais do que com a humanidade. em compensação, tal preferência, vista pelo lado qualitativo, me faz pressupor que ando cada vez mais em boas companhias. e entre passos e pegadas, de meus dois pés e dezenas e dezenas de patas, latidos, miados, uivos e rosnados, acho que vou longe nesta caminhada, já agora sem volta de rabos abanando sob sol ou chuva.

Monday, June 25, 2012

a filosofia, que é bom pra cachorro, é para poucos. a compreensão do que é ter um cão, também


o senhor sempre fala da figura do cachorro. por quê ?
- você olha para certo tipo de cachorro e vê nele mais filosofia do que em muitos colegas da universidade. alguns cachorros têm aquele olhar melancólico de heráclito de éfeso, da escola do devir. outros são heideggerianos. eu tenho uma certa afinidade com os cachorros, apesar de não se daquela escola gregados cínicos, que é uma palavra que vem de cão(kynikos é adjetivo de kynon, que significa "cão"). por que é que eu passei a identificar cachorros com filósofos? porque platão, que era um gozador emérito, declara em a república que o cão é o verdadeiro filósofo. o cão sabe distinguir o dono do estranho que está chegando. qual a função da filosofia senão a guarda do ser? o filósofo é o cão de guarda do ser. e não é por acaso que, em curitiba, uma cachorra se apaixonou por mim. quando me viu ficou doida.

in um homem sem rodeios, entrevista com o poeta e professor de filosofia ângelo monteiro, capa do caderno viver, no diário de pernambuco de 24/06/2012.